sábado, 15 de dezembro de 2012



Reverberação

     
Quando descanso em paz
É dentro do seu olhar

Gravura de minha imagem

Cristalizada na imaginação


Um arquétipo de minhas projeções pessoais

Onde a  maior distância faz o peso dobrar


Caminho com certa destreza

Carregando esse fardo imaterial


Lembrando daqueles crepúsculos vermelhos

Que tingiam nossa pele com um final de dia


O tom de nossas idéias, nem sempre parecidas

A força das palavras quase sempre enlouquecidas


Vidas tão inocentes, sem nos dar conta

Da Felicidade sem regras de espaço e tempo


A boca aberta, concordando

Beijando,gargalhando


Sintonia astral de simples olhares


Ressoando até hoje

Nas minhas melhores memórias



Ricardo Villa Verde

                                     

                                     

                                       Desafinada

               Desfez-se o nó

               O nó da porta fechada
               Da palavra calada
               Do que me fez só

               Cai por terra a dor


               A dor do caminho

               Trajeto sozinho
               Do breve pavor

               Um toque de atriz

               Serás mil vezes feliz
               Ao lado de quem desconhece o amor
        
                   Ricardo Villa Verde

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012




AUTOBIOGRAFIA

O passado conta estórias
Que eu já esqueci
Minhas memórias são de hoje
E dos dias que nunca vi.

Tubarão.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Brotou de Novo II

Toda vez que sou pressionado
Fico impressionado
                                           Com um certo dom
Meio distraído
De encontrar-me perdido

Logo, descontraído
Mesmo até que traído
Sigo sempre fiel
Ao legado

Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 12 de novembro de 2012



NA LINHA DO TEMPO

Eu já fui o dono dessa casa
Mas hoje essa casa não tem dono
Eu ainda moro aqui
Mas e daí? Tudo mudou

Meus vizinhos não me querem
Meus amigos não me visitam
Minha família não lembra mais de mim
As coisas encontram o seu fim

Na linha do tempo
Na curva do vento
As coisas são como são
A areia escorre pela palma da mão.

Tubarão.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012



JUSTIÇA CEGA

Qualquer vida pode desabar
Em apenas um segundo
São muitas armadilhas
Armadas no mundo

Seja no ataque
Ou seja na defesa
Às vezes o caçador
É quem vira a presa

Não sou diferente de muitos
Não sou como poucos
Mas para proteger quem eu amo
Derramo o sangue dos outros

Ironia da vida
Amigos de infância,
Rumos contrários
Ditaram a distância

Eu era um bom trabalhador
Chefe de família exemplar
Mas vagabundo cresce o olho
Não conhece o seu lugar

Eu era Cabo da polícia
Boca de fumo no meu portão não vai abrir,
Minha família marcada para morrer
Isso não vou permitir

Com alguns companheiros
De casa em casa bandido eu cacei
Eram apenas criminosos
Os homens que matei

Encapuzado, eu protegi a minha família
Cortando o mal pela raiz
Mas deixei vivo quem jurei inocente
Esse foi o erro que fiz

Sete corpos enfileirados
Pela manhã foram encontrados
Eram marginais conhecidos
Que pela imprensa foram santificados

O autor da chacina
Precisava ser encontrado
Eu era uma vítima
Passei a ser o culpado

Pela cor dos meus olhos
Eu fui reconhecido
Pela cor dos meus olhos
Eu fui traído

Fui preso e humilhado
O diabo amassou o meu pão,
Fui preso e humilhado
Mas tive colhão

O Estado queria que eu entregasse
Quem me ajudou a fazer o que fiz
Mas sou sujeito homem
Sou dono do meu nariz

No tribunal fui julgado,
Dissecado e amaldiçoado
Minhas razões foram o motivo
Para eu ser crucificado

Direitos humanos não são
Para pessoas de bem,
Eles só se importam com vagabundos
E com mais ninguém

O que eles queriam?
Que eu esperasse sentado
Ver o sangue da minha família
Ser derramado?

O Estado precisa abrir os seus olhos
E rever as suas regras,
Quem sabe assim faria
Menos merdas?

No fim do circo, fui condenado
A mais de trinta anos de prisão
Eu fiz o que fiz e ninguém tira
A minha razão

Das profundezas do inferno
Eu vi a minha linda filha crescer,
São coisas como essa
Que fazem o coração doer

Treze anos passaram e no indulto de natal
Um gostinho de liberdade
O Estado caga e facilita
Não perco a oportunidade

Foragido, eu tenho sobrevivido
Minha vida eu perdi a muitos anos
Hoje faço o que faço
E caço bandidos com os milicianos


A justiça é cega
Ela não enxerga as merdas que faz
Eu perdi a minha vida
E hoje eu vivo sem paz

Minha mãe, meu irmão,
Minha mulher, minha filha
São os tesouros que tenho
São a minha família

Não sou diferente de muitos
Não sou como poucos
Mas para proteger quem eu amo
Derramo o sangue dos outros.

Tubarão.

terça-feira, 16 de outubro de 2012



SEM CARNE EU NÃO JANTO

Estão falando por aí
Que comer carne não é legal
Mas a vida fica insossa
Se só come vegetal

Eu penso num churrasco
Prazer não tem igual
Não troque meu bife por salada
Senão eu passo mal

Não sou perfeito
Não vou compartilhar seu pranto
Mas o mundo não tem jeito
Eu nunca fui santo

Sem carne eu não janto

Eles fazem palestras
E campanhas nas redes sociais
Falam em benefícios
E direitos dos animais

O boi no campo é bonito
Mas disso eu não preciso
No rodízio de carnes
Estou no paraíso

Não sou perfeito
Não vou compartilhar seu pranto
Mas o mundo não tem jeito
Eu nunca fui santo

Sem carne eu não janto !




Tubarão.



ANARKO POEMA
  
Pessoas não são
Sombras
Pessoas não são
O silêncio

Pessoas não são
Insetos
Pessoas não são
Pedras

E a vida não é
Estéril
E a vida não é
Inerte

E a vida é
O movimento
Que faz
Constante

Nenhum homem
É Deus
Deus é o alimento
Do medo

Nenhum homem
É livre
Livre de si mesmo
Sua prisão

Se teu espírito
Teu fogo
Se teu coração
Tua vontade

Vivem sufocados
Na submissão
Inconscientes da força
Silenciada

Força que dividida
É nada
Força ignorada
É nada

O nada é a permanência
Do que está
Completamente vazio
E não resolvido

Não faça orações
Elas não tornam
O solo menos árido
Nem te mata a fome

Não faça orações
Porque elas se perdem
Como pétalas abandonadas
À sorte do vento

Se for luz que procura
Procure nos livros
Que falam da vida
E da realidade sólida

Procure no rosto de cada pessoa
O reflexo de sua existência
Descubra a dor que não é única
Mas sim, coletiva

Desperte a indagação
Liberte todos os porquês
Procure respostas
Derrubando fortalezas

Descubra que a ordem imposta
É um pilar falso
Que não sustenta nem o menor
Dos teus anseios

E assim, rompendo correntes
E dilacerando o medo opressor
Gritando verdades cheias de vida
O caminho se faz presente

E as nuvens negras da vilania
Que por séculos castigaram gerações
Poderão ser finalmente expulsas do céu
E poderemos desfrutar da grandeza do sol!

Tubarão.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012



POESIA?

Se você quer poesia
Faça como poucos,
Viva a sua vida
E não a dos outros.

Tubarão.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012




A BUCETA

A mulher é a dona da razão
Pois é a buceta quem vomita as crianças
Da buceta nascem os homens
E outras bucetas
Bucetas e caralhos
Dentro das bucetas
Que emergem ao mundo
Da boca da buceta
Saem da boca da buceta
E caem na boca do mundo
Buceta não tem cara
Buceta só tem boca e língua
Mas buceta não fala
Buceta não se come
É a buceta quem nos come
A buceta controla a mente do homem
Buceta nunca quer paz
Buceta quer sempre mais
Buceta é incontrolável
Buceta é insaciável
Buceta é fogo
Buceta é tocha
Não é a toa que depois de muito foder
É a buceta quem nos brocha
O homem bate punheta
Pensando na buceta
Buceta, buceta, buceta
A buceta controla a mente do homem
Buceta não se come
É a buceta quem nos come
A buceta controla a mente do homem
A buceta traz consigo a verdade
Só a buceta traz a felicidade,
Vivas as crianças!

Tubarão.




POESIA URBANA CONTEMPORÂNEA

Minha identidade é
Urbana contemporânea
Meu CPF é
Cada Poema Feito
Sou imperfeito perfeito
Sou erro e sou acerto
Minha pátria
É o meu coração
Não é nenhum
Pedaço de chão
Vivo pelo amor,
Pelo desejo e pela paixão
Guardo segredos
Na palma da mão
Quem quiser ler,
Que leia, não tem problema
A minha vida
É o meu poema.

Tubarão.

Veja o vídeo desse poema:

segunda-feira, 17 de setembro de 2012



COELHO TECNOLÓGICO

Eu comprava vinil
Mas de repente ele sumiu
Eu passei a comprar  cd
Mas a arte era tão pequena
Não dava pra ver
Agora me dizem que ele também
Vai desaparecer
E música digital não consigo entender
Dos vídeos cassetes, vhs e betamax
Eu já não me lembro mais
Vieram dvds e blue rays
Novidades a mais
A verdade é que a tecnologia é um coelho
Que se multiplica demais
E acompanhar tanta cria
Ninguém é capaz!

Tubarão.


ESSA MINHA VIDA

Essa minha
Não tem nenhum outro sentido
Se não for estar feliz comigo

Essa minha vida
Não é nenhuma bala perdida
É o remédio certo da ferida

Essa minha vida não é nenhum engano
Eu faço mais do que posso a cada ano
Essa minha vida segue firme a lei do forte
Não fico sentado esperando a hora da morte

Essa minha vida
Não é nenhuma carta embaralhada
Eu já escolhi o meu lado da encruzilhada

Essa minha vida
Não guarda segredos
Eu já comi e vomitei meus medos

Essa minha vida não é nenhum engano
Eu faço mais do que posso a cada ano
Essa minha vida segue firme a lei do forte
Não fico sentado esperando a hora da morte

Essa minha vida
É um misto de luz e de sombras
E o meu mundo já sobreviveu a todas as bombas

Essa minha vida
Está no segundo tempo do jogo
Mas ainda sou muita água e fogo

Essa minha vida não é nenhum engano
Eu faço mais do que posso a cada ano
Essa minha vida segue firme a lei do forte
Não fico sentado esperando a hora da morte.

Tubarão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012



DESDE O PEITO ATÉ O OSSO

Já desenhei teu coração na minha boca
Já falei palavras que ninguém jamais ouviu
Já desfilei pelado com as verdades que não guardei
Já abri portas e para trás deixei caminhos
Sombras do dia, raios da noite
Tudo eu fiz e ainda faço
Paciência são nervos de aço
Que às vezes, enroscam em meu pescoço
Mas eu te amo assim
Desde o peito até o osso!

Tubarão.


AVANÇO OS SINAIS

Avanço os sinais
Nem verde ou vermelho
São todos iguais
Eletricidade, meu poema
É a velocidade
De uma ponta a outra
Da cidade
Paisagens não param
Nem aqui ou ali
E o mundo às vezes é tão surreal
Quanto uma tela de Dali
A pena é que em meio a tanta dor
O povo fica na espera cega
De um salvador.

Tubarão.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012



CELSO BLUES BOY FOREVER

Chora guitarra, derrama suas lágrimas
O menino blues partiu
Como o seu nome já diz
Se elevou ao céu
Deixando saudades
No Blues Motel
Ele que viveu um Rock Fora da Lei
E carregou sempre a mesma cruz
Com o seu eterno Jeito Blues
Enfrentou mil demônios
E fumou na escuridão
O som da sua guitarra
Nunca foi tocado em vão
Com muito talento
Levantou multidões
E todo mundo gritou:
“Aumenta que isso aí é Rock and Roll!”
No expresso da noite
Ou no Dry Blue Gin
Vagabundo errante
Foi Marginal até o fim
Foram grandes momentos
Que ninguém esquecerá
Celso Blues Boy é uma estrela
Que sempre brilhará
Seja feliz onde quer que você esteja
Tocando a sua guitarra
Por um monte de cerveja!

Tubarão.
Essa é a minha homenagem ao grande mago das guitarras, Celso Blues Boy, que faleceu no último dia 06 de agosto, mês do cachorro louco.
Fica aqui um vídeo do Celso no antigo programa Mixto Quente da Globo, Aumenta que isso aí é Rock and Roll!

terça-feira, 19 de junho de 2012



A VITRINE

A vitrine é a felicidade que todos querem
Mas numa chuva de pedras
Não há telhado de vidro
Que resista.

Tubarão.

sexta-feira, 15 de junho de 2012



ANTES QUE O MUNDO ACABE

Não há no mundo
Império que não desabe
Faça o que tiver que fazer
Antes que o mundo acabe

O sistema é o inimigo
Disso você já sabe
Faça o que tiver que fazer
Antes que o mundo acabe!

Tubarão.

domingo, 10 de junho de 2012




Sextante

Parto
Profundo
Pro Mundo
Quarto
De horas
Vazias
Pago
Promessas
Tardias
Tarde
De olhos
Fluídos
Noite
De estrelas
Infindas
Signos
Olhares
Ondas
Sem mares
Pegadas
Sem pares
Paixões
Sem amores
Horizonte
Sem flores


Ricardo Villa Verde


quinta-feira, 7 de junho de 2012


      

Regulamento Interno

A regra

Já não é norma

A norma
                                           Já não se emprega
          O fluxo

                 Das suas regras

                                   Não impedem
A tua entrega

                                                                      Ricardo Villa Verde

quarta-feira, 9 de maio de 2012



Pandemia
 
Na cabeça um nó
No horizonte
Um muro de palavras em pó
Onde fugas envelhecem as rugas
Onde as ruas enobrecem as fugas
Onde tudo te sente tão só
Numa expressão sem liberdade
Que morde sua língua
Pelos cantos da cidade
Viaja Vazia
À míngua

Sua fé já não prega
Sua face trafega
Em antenas
Transmitindo apenas
Uma imagem
Sem brilho
Teoremas
Sem beijo
E mais do que aquilo
Que outrora era seu
Ri das coisas
Que seu olho
Esqueceu

Ricardo Villa Verde