quarta-feira, 24 de março de 2010


Engrenagens

De olhos vendados
Comprei seu amor
Naquela ocasião
Acabei vendido
Por uma emoção
Hoje penso, tal como rezo
Se reflito, não meço
Quando paro, eu peço
E mesmo sem ser atendido
Sem receber nem um sorriso
Acabo ganhando tudo que preciso
Há muros entre nós
Me arremesso
Há abismos entre nós
Me precipito
Por isso te amo tanto
Por isso que sonho
Com planetas
Que só existem dentro de mim
Caindo na terra
Banhando tudo de luz
Desenhando nossa sombra
Na areia da praia deserta
E quanto mais tu apertas
Meu coração
Mais poesia escorre
Numa felicidade transparente
Que não morre
Sigo jogando fumaça
Sobre anjos e máquinas.

Ricardo Villa Verde


A luz que encanta os olhos

A luz que encanta os olhos
pode ser o veneno
que em prazer te mata
tal como flor carnívora que seduz
o inocente inseto
que a má sorte acata.
Indefinido infortúnio
que faz ecoar a ansiedade
daquele que vê sua foto
nos recortes de jornais
feitos por si mesmo.
Carnívoro é o vento
que carrega tua imagem
presa na flor
de um papel amarelado.


Tubarão & Ricardo Villa Verde

Atemporal

Memórias habitam a memória
Tempos de amor e glória
Todos os bastardos são inglórios
Mas quem não se arrasta para o inferno?
O tempo é hoje: o depois não existe
Se alguém pensar, logo desiste!
E se desiste, um dia insiste
Até despertar e saber que não é triste
Mesmo após a morte
Através das palavras, ele persiste
Em viagem resignada...

 
Ricardo Villa Verde, Nelsinho Pacheco,
Tubarão, Eldemar de Souza, Sara Mazuco,
Luciano S., William Robert e Gordack

sexta-feira, 12 de março de 2010


Olha o trem

Poesia que nasce de horas soltas
Trem de versos desgovernados
Liberdade Compulsora
Mil Horizontes
Páginas virgens para se violar
Com vida que não freia
Sai da frente que eu tô passando
Senão você vai ser atropelado
Pela minha felicidade
Que não tem fim!

Tubarão

terça-feira, 9 de março de 2010



Open house

Não abri, nem destranquei
escancarei
A porta foi pelos ares
Pé direito no abismo
ostracismo
Há algo no vazio
E os olhos cheios de ilusão
razão
Sem teto e sem chão
Sem estruturas e sem problemas
dilemas
Destruindo labirintos verticais
Um pouco mais a frente
horizontais
Estavam as linhas do mundo
Entretanto no meu peito de fé
acredito
Que no suor da massa eu me fermento


Luciano S., Ricardo Villa verde, Tubarão, Sara Mazuco, Eldemar de Souza e Nelsinho Pacheco

sábado, 6 de março de 2010


A magnífica floresta do sol nascente

Dias de poema
Dias de dilema
Flores para a minha pequena
Sorrisos de porcelana
Afago em rima razoável
Lágrimas do tamanho da cena
Bouquet de rosas elásticas
Acenos de uma breve intromissão
Projetando uma solidez intocável
Num dia qualquer
Apenas sorrir, contribuir...
Construir uma essência
Caminho de Santiago
Caminho de casa
Momento de unir
Hora certa de amar

Ricardo Villa Verde & Sara Mazuco