quarta-feira, 28 de setembro de 2011

 

Cinco segundos


O vento soprava palavras
Em minha boca vazia
Eu sentia teu sol, consumia tua fé
Hoje imagino teu céu
Contrastando
Com minha nova alegria
Que absorve energia em gotas
Ao toque da chuva na pele
Naquilo que seria um êxtase
Não fosse pelo peso dos dias
Onde tua lembrança morna
E alheia à nossa história
Martela a verdade.

Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


JARDIM DE PEDRAS
Algumas coisas não consigo
Mais lembrar
Alguns amigos do passado
Vem me visitar
Os dias passam e encurtam
A distância
Às vezes vejo o meu vulto
De infância
Correndo solto pelo
Jardim
Pedras e mais pedras
Sem fim
A noite já não é tão longa
O amanhecer não é mais tardio
Coberto de fantasmas
Às vezes sinto frio
Os dias passam e encurtam
A distância
Às vezes vejo o meu vulto
De infância
Correndo solto pelo
Jardim
Pedras e mais pedras
Sem fim...
Tubarão

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

NÃO GOSTO DO RETRATO DO MUNDO

Não gosto do retrato do mundo
Ou das mãos que desenham
Um futuro ainda mais sofrido

Já não bastam as dores de hoje
Ainda semeiam a doença futura
Que deixará o planeta mais combalido?

Todos sofrem, todos choram
Dia após dia, o sangue derramado
Ou outra atrocidade ambiental

Espalham o medo enquanto autoridades
Preservam seus corações congelados
Pelo vil metal!
Tubarão.

VÁ PARA A PUTA QUE PARIU!
Vá sozinho
Ou vá acompanhado
Vá feliz
Ou bem bolado
Vá de frente
Ou vá de ré
Vá de carro
Ou vá a pé
Vá de noite
Ou vá de dia
Vá sem a minha
Companhia
Vá com suas mentiras
Ou com suas verdades
Vá com sua alma suja
E não deixe saudades
Vá com a sua eterna
Politicagem barata
E com o fim necessário
De toda a sua mamata
Vá e não retorne
Esqueça o caminho da volta, viu?
Vá direto e sem paradas
Para a puta que pariu!
Tubarão.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O AMOR É PUNK!

Queira ou não queira
Goste ou deteste
Alegria de uns mesmo que para outros
Não preste
É hábil na arte de armar
Uma tocaia
É mais sedutor do que um bom
Rabo de saia
Quando chega, seja de mansinho
Ou não
Te puxa o tapete, tira
O teu chão
É romântico e até mesmo
Bem cafajeste
Se entregue cego ou
Proteste
Mas saiba que quando chega
Explode teu coração
Anarquiza teus medos
E sua autogestão
É uma doce ferida
Que não há quem estanque
Para dizer a verdade,
O amor é punk!

Tubarão
BICHA VELHA


Bicha velha amarrotada
Gostava de cigarros
E músicas bregas
Muitas vezes tomou
Porrada
E no cu já não tinha
Pregas
Apenas um poço
Largo e fundo
Bicha velha desavergonhada
Já deu pra todo mundo
Patrimônio público
Bicha tombada
É assim que te classificas
Tomou a frente
De muitas namoradas
Inaugurando várias picas
Quem foi que no teu cu
Ou em tua boca ardente
Não jorrou a feroz
Porra quente?
Houve também os recatados
Que à noite, às escondidas
Contigo, muitos prazeres
Gozaram
Mas, à luz do dia, mascarados,
Ingratos, te crucificaram
Só que agora,
De nada importa
O falso e o preconceito
Bicha velha e finada
Não se vê uma única
Lágrima derramada
Na solidão
Do seu triste
Leito.


Tubarão .

(Este poema faz parte do livro Anarko Poemas & Outros, editado em 2010, pela Editora Multifoco).