domingo, 19 de dezembro de 2010

GOTA DE ORVALHO


Manhã se fez brotar preguiçosa na capela do quarto
Entre os tênues vãos da trama do bambu que prolongavam a noite
O beijo quente despertou a claridade
Ainda contava os pedaços oníricos para organizar as pétalas
Quando me sorriu o perfume do desjejum
Visitantes logo chegaram
Gulosos sorveram-se quase completamente
Em troca levaram meus poemas alando-os aos comuns
Foi assim durante toda a eternidade daquele dia
No crepúsculo me desprendo e plaino dando voltas e cambalhotas mirabolantes
Sou agora com a ajuda do vento sepultado longe da minha mãe
Para fazer brotar meus filhos




Gordack 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010




INEVITÁVEL

É não tem mais jeito, vou me mudar,
Inevitavelmente em outro lugar agora vou aportar.
Saudades levarei em malas cerebrais,
O gosto das bocas eternizadas nas percepções,
Lembrar das risadas e tudo o mais.
E já que só me restam apenas alguns dias,
Vou ratificar a festa final.
Aguardo com um misto de angustia e ansiedade,
O que marcará minha despedida.
Espero que a incentivadora dos amantes
Não desaponte e apareça vestida de prata.
E que ninguém falte e que ninguém vá embora nunca.
E que a fogueira radie alegria e que o som de Netuno em dueto
Com as cordas do braço rijo faça o alvorecer ficar mais longe.
E que todos gritem e saúdam com um belo alvoroço
O momento em que alguém inesperado chegar.
E que as satisfações plenas eternizem-se nas
Memórias das areias onde junto com as cascas
Das conchas jazem corpos deleitados.
E que as loucuras dos Malucos fartos de doideiras
Pronunciem: há! "Não obrigado já perdi a estribeira."
As danças e as comunhões, as irmandades e as emoções
Serão meus prediletos presenteio.
Porém ciente estarei, que a reluzente estrela-mor anunciará
Que a farra aquela altura já está por acabar.
Enfurecidamente ao exílio deste paraíso rumar-irei.
Torpe e senil das maravilhas que deixo aqui.

Gordack