segunda-feira, 29 de outubro de 2012



JUSTIÇA CEGA

Qualquer vida pode desabar
Em apenas um segundo
São muitas armadilhas
Armadas no mundo

Seja no ataque
Ou seja na defesa
Às vezes o caçador
É quem vira a presa

Não sou diferente de muitos
Não sou como poucos
Mas para proteger quem eu amo
Derramo o sangue dos outros

Ironia da vida
Amigos de infância,
Rumos contrários
Ditaram a distância

Eu era um bom trabalhador
Chefe de família exemplar
Mas vagabundo cresce o olho
Não conhece o seu lugar

Eu era Cabo da polícia
Boca de fumo no meu portão não vai abrir,
Minha família marcada para morrer
Isso não vou permitir

Com alguns companheiros
De casa em casa bandido eu cacei
Eram apenas criminosos
Os homens que matei

Encapuzado, eu protegi a minha família
Cortando o mal pela raiz
Mas deixei vivo quem jurei inocente
Esse foi o erro que fiz

Sete corpos enfileirados
Pela manhã foram encontrados
Eram marginais conhecidos
Que pela imprensa foram santificados

O autor da chacina
Precisava ser encontrado
Eu era uma vítima
Passei a ser o culpado

Pela cor dos meus olhos
Eu fui reconhecido
Pela cor dos meus olhos
Eu fui traído

Fui preso e humilhado
O diabo amassou o meu pão,
Fui preso e humilhado
Mas tive colhão

O Estado queria que eu entregasse
Quem me ajudou a fazer o que fiz
Mas sou sujeito homem
Sou dono do meu nariz

No tribunal fui julgado,
Dissecado e amaldiçoado
Minhas razões foram o motivo
Para eu ser crucificado

Direitos humanos não são
Para pessoas de bem,
Eles só se importam com vagabundos
E com mais ninguém

O que eles queriam?
Que eu esperasse sentado
Ver o sangue da minha família
Ser derramado?

O Estado precisa abrir os seus olhos
E rever as suas regras,
Quem sabe assim faria
Menos merdas?

No fim do circo, fui condenado
A mais de trinta anos de prisão
Eu fiz o que fiz e ninguém tira
A minha razão

Das profundezas do inferno
Eu vi a minha linda filha crescer,
São coisas como essa
Que fazem o coração doer

Treze anos passaram e no indulto de natal
Um gostinho de liberdade
O Estado caga e facilita
Não perco a oportunidade

Foragido, eu tenho sobrevivido
Minha vida eu perdi a muitos anos
Hoje faço o que faço
E caço bandidos com os milicianos


A justiça é cega
Ela não enxerga as merdas que faz
Eu perdi a minha vida
E hoje eu vivo sem paz

Minha mãe, meu irmão,
Minha mulher, minha filha
São os tesouros que tenho
São a minha família

Não sou diferente de muitos
Não sou como poucos
Mas para proteger quem eu amo
Derramo o sangue dos outros.

Tubarão.

terça-feira, 16 de outubro de 2012



SEM CARNE EU NÃO JANTO

Estão falando por aí
Que comer carne não é legal
Mas a vida fica insossa
Se só come vegetal

Eu penso num churrasco
Prazer não tem igual
Não troque meu bife por salada
Senão eu passo mal

Não sou perfeito
Não vou compartilhar seu pranto
Mas o mundo não tem jeito
Eu nunca fui santo

Sem carne eu não janto

Eles fazem palestras
E campanhas nas redes sociais
Falam em benefícios
E direitos dos animais

O boi no campo é bonito
Mas disso eu não preciso
No rodízio de carnes
Estou no paraíso

Não sou perfeito
Não vou compartilhar seu pranto
Mas o mundo não tem jeito
Eu nunca fui santo

Sem carne eu não janto !




Tubarão.



ANARKO POEMA
  
Pessoas não são
Sombras
Pessoas não são
O silêncio

Pessoas não são
Insetos
Pessoas não são
Pedras

E a vida não é
Estéril
E a vida não é
Inerte

E a vida é
O movimento
Que faz
Constante

Nenhum homem
É Deus
Deus é o alimento
Do medo

Nenhum homem
É livre
Livre de si mesmo
Sua prisão

Se teu espírito
Teu fogo
Se teu coração
Tua vontade

Vivem sufocados
Na submissão
Inconscientes da força
Silenciada

Força que dividida
É nada
Força ignorada
É nada

O nada é a permanência
Do que está
Completamente vazio
E não resolvido

Não faça orações
Elas não tornam
O solo menos árido
Nem te mata a fome

Não faça orações
Porque elas se perdem
Como pétalas abandonadas
À sorte do vento

Se for luz que procura
Procure nos livros
Que falam da vida
E da realidade sólida

Procure no rosto de cada pessoa
O reflexo de sua existência
Descubra a dor que não é única
Mas sim, coletiva

Desperte a indagação
Liberte todos os porquês
Procure respostas
Derrubando fortalezas

Descubra que a ordem imposta
É um pilar falso
Que não sustenta nem o menor
Dos teus anseios

E assim, rompendo correntes
E dilacerando o medo opressor
Gritando verdades cheias de vida
O caminho se faz presente

E as nuvens negras da vilania
Que por séculos castigaram gerações
Poderão ser finalmente expulsas do céu
E poderemos desfrutar da grandeza do sol!

Tubarão.