sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Projeto

Eu queria falar de amor
Mas não consigo
E assim sigo
Fazendo alegre
Quem não vê a cor

Conseguiria mentir
Não ser eu mesmo
Só para um sorriso parir
Te ver partir
E depois dormir

Sonhando com o que não escrevi

Ricardo Villa Verde

Iluminada solidão pública

A Cervical vibrava
Com as hérnias de disco
Insistindo em tocar Pink Floyd
Me perdi nas asas de fada
Da borboleta que pousou
Em meu córtex
Minha cama e meu corpo
São feitos de látex
E por mais longos
Que sejam meus braços
Que sejam meus sonos
Meus sonhos mais belos
Faz muito tempo que não ouço
O volume dos seus cabelos

Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Deixe-o no seu próprio caminho

Os raios do desafeto de Ícaro invadiram as janelas da alma e ele voltou do paraíso de Morfeu, purificou-se nos fluidos de Mãe Iara e saboreou o amargo e o doce do companheiro matutino. 

Munido da armadura habitual transportou-se para o campo de batalha, dentre os reflexos do caminho já não via Narcisos nem Helenas.

Em seu tributo diário ao Marte sua batalha era contra Chronos.

Desejava em todo o momento o negro do luar para ter com Baco e Eros os prazeres sibaritas do humano caminho.

Dentro de um círculo contínuo os Deuses faziam morada em sua vida.

Não era justo demolir as estruturas dos pilares do cancioneiro arcadista.

Fazia-se fundamental a continuidade romântica da pesada jornada Épicaverdeamarelísma, pois contrário a isso o concreto modernista transformaria o seu realismo, e ele perderia os símbolos.

Acabaria O canto do galo, perderia o caminho para São Saurê, O bagaço de cana do engenho já não acalmaria o pranto e até O Diabo de Diadorim seria singular.

Retornar ao barro do barroco, ter a transpiração acima da inspiração, ser visto como um algum que deseja o impressionar, é demais para um filho condenado ao labor da Morte e Vida. Deixe-o feliz, isso só durará enquanto eterno for.

Gordack

sexta-feira, 16 de outubro de 2009


Sentença (remix)

Alma blindada,de tanto te ver partindo em meu sono
Blindada, te vendo ir embora fora do sonho
Blindada de tanta porrada, gritos, caminhos incertos
De ver em você a continuidade daquilo que quero
Alma blindada, de frustração, repetição
Projetando em ti, imagens daquilo que gosto
Alma lavada, lavada e pintada
Com tons de uma lida em busca de si
Blindada de fina película, segura e frágil
Validez expirada com o tempo de vida
Alma blindada, sem serenidade, sem nenhuma vaidade
Sem o corpo da alma
Presa numa redoma que ela criou

Ricardo Villa Verde

terça-feira, 6 de outubro de 2009


Vírus Analógico

É fria
A poesia
Digital
Tu já não inventas
Clica na barra
De ferramentas
Onde o rimador:
Amor e dor
Às vezes até flor
É mais poético
Porém patético
E magnífico
É só o corretor
Ortográfico

Ricardo Villa Verde