domingo, 28 de fevereiro de 2010



Campo Solidário

O dia tem estrelas
Brilho nos olhos
Vermelhos pacíficos
E as ondas batem

Na companhia dela
Pra uns maldita
Pra outros faminta
Mas, pra mim é fudida

E ela compulsivamente
Dá a partida em meus pensamentos
Viagem de maluco
Que anda na contra-mão

Como conselheiro
Trago a bolsa na cabeça
Cachaça na boca
E o papel na mão

E tudo vai na mente
A erva queimando
Sem ferir ninguém
Sonhos de quem vai looonge!

Tubarão e Gordack

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010



Ar puro

Chega de cena
Seu cinema sem arte
Incrível é o seu talento
Para criar tempestades
Em copos d'água
Tô saindo fora,
Vou pegar um ar
E não volto
Não me espere
O meu caminho segue
Sempre a frente
Fim de estória,
Ponto Final
Já virei a página
E respiro novos dias!

Tubarão




Nem vida, nem morte

Não adianta fingir
Você vai sumir
Desaparecer
Como uma estrela
Que se apaga
Rumo ao nada
Nenhum pensamento
Nem ferimento
Vão trazê-la de volta
A vida dá voltas
Mas você
Não é a vida
Nem é a morte
Para a minha felicidade
E minha sorte!

Tubarão
Alma leve

Saio daqui e nada levo
Senão a minha alma
Saio pelas ruas
Com a cabeça calma

É muito bom me sentir
Caminhar tão leve
Ultimamente a minha vida
Foi tão heavy

Hoje eu dou bom dia
Ao calor sem mágoa
E com o gentil camelô
Compro uma garrafa d'água

O tempo está ao meu lado
E a vida me sorri diferente
É muito bom ser desempregado
E viver independente!

Tubarão


Distraidamente

Distraidamente engraçado,
O nosso amor sem futuro
De repente virou passado.

Tubarão

 
Carvana Blues

Minha mãe sempre me dizia
"Vai trabalhar vagabundo!"
Mas só gosto de acordar depois do meio-dia
Não quero ganhar o mundo

A vida já me ensinou
Que quem trabalha demais,
Antes de viver  já cansou
E morre sem paz

Se segura malandro
Que o mundo quer te devorar,
Se você cai na pressão do trabalho
Você perde o seu ar!

Tubarão.

sábado, 20 de fevereiro de 2010


Azulejos

Tal qual deva ser minha loucura
Tem traço de mista candura
Emoldura sua parede fria, muda, nua
Muda a parede, em moldura mista e louca
Estendendo as horas, calando sua voz rouca
Dizer o "quê"? se não há quem ouça.

Sara Mazuco, Nelsinho Pacheco, Gordack, Eldemar de Souza e Ricardo Villa Verde

domingo, 14 de fevereiro de 2010


Balanço de doido

Vou subir pela noite
Vou mergulhar nas ondas da cidade
Paraíso entorpecente
Meus olhos brilham novamente

Que pedra em caminho algum
Poderia topar ou torper
Em viagem sem bilhete
Lágrima mais doce que salgada

Em cada novo movimento
Sigo mais vivo do que antes
Eu ainda tenho liberdade
A loucura habita meu pensamento

Fogo é força motriz
Palha não é minha mãe
Dádiva de Ícaro me agrada
A Dama passa e me ri por um triz

Outro dia fui desgraçado na lama
Mais sujo do que um blues dos Stones
Agora até desprezo quem desejo
Só para não facilitar o jogo

Pena só na palma da mão
O que pipoca sinto na narina
Pubianamente imperfeita
E seringueira chora o leite

Tubarão e Gordack

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


O último dia

A mais perfeita verdade era mentira
Era onde eu me sentia mais a vontade
Eu quis usar tudo que tinha
Mas foi muito pouco
As horas passam em meu pensamento
Sem ter o formato de horas
Então a tarde eu sento
Esperando a noite chegar
Rodando como um esmeril
Que vai afiando o que não quero sentir
Vejo uma tsunami negra
Que vem com toda sua monstruosidade
Tentando atingir os conceitos que criei
Na fúria desse momento
Meus pés passam a tocar
O que não tinha fundo
Me torno um simples refém
Do meu tesouro perdido
Que uma chama perfeita
Acaba de consumir

Ricardo Villa Verde

sábado, 30 de janeiro de 2010




No buraco da fechadura

A alma aberta
Berrou bravos brios,
Covardes caíram calados.
Deus determinou desterro.
E eu eutanasiei.
Foi fácil fazer,
Ganhei gordas garantias.
“Hoje haverá honras”
Impreterivelmente
Jazem juntos:
Ku Klux Klan, Kennedy, Kane.
Lembro lascivas
Memórias mornas
Necrofilando
Odes,
Poemas,
Querubins.
Resta resgatar
Sóbrias saídas.
Tentarei
Uma última
Vez:
Walkirias
Xiitas,
Yeshua
Zeloso.


Gordack.

domingo, 24 de janeiro de 2010


Das Dores

A dor que dói, Das Dores chora
Banha a alma de lua
E a lua lembra os sonhos
Hoje derramados em lágrimas

Tentei ser o que não pude
Tem que ser, e não mude
porque, apesar de tudo, a cena muda.
Ai Das Dores, vê se não fode!

Gordack, Ricardo Villa Verde, Tubarão, Sara Mazuco, Nelsinho Pacheco e Eldemar de Souza

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010





O Grito Elegante da Aquarela

O que sai das minhas mãos
Pelo caminho da madeira ornada
Com a bela crina da égua
É o reflexo da minha percepção
Ao sentir, cheirar e transpirar
O que vem de dentro dela
Se alguns procuram encontrar
Mazelas
Digo que tem
E ainda mais
Querelas
Porém além das lágrimas na janela
Minhas matizes sem tramelas
Hipnotizam pela sutileza
Natural de minhas telas
Onde não se encontram
O samba, os bambas.
Ou qualquer nomenclatura
Imposta por aqueles,
Lá de outras bandas
É o olhar fraternal
Semi-igual
De um desvelo natural
E em resposta a isso digo:
Que pintem a primeira pedra, que nunca percebeu a beleza de uma favela.

Gordack

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010




Ainda sinto o seu cheiro

  Nosso primeiro encontro foi ao acaso, dentro de um local comum, meio inusitado.
Você queria o outro e eu entrei na frente, demorou um pouco, mas então rolou, entretanto aceitou descontente.  Do primeiro veio o segundo beijo, depois o terceiro e então o estremeço, adiante surgiu o quarto e o desejo. Nada mais poderia mudar o passado e o futuro estava sendo escrito, neste momento muito mais amadurecido, fugi do que entendi como martírio. Você chorou, te fiz sofrer. Odiou-me. Quis me matar.
A amargura que invade o meu peito é o arrependimento que agora sinto em meu leito.
Um outro apareceu na sua estrada, um fruto foi providenciado, agora sofria nua e calada na esperança do reencontro do amado.
O tempo passou e o amor se transformou.
 O que antes era bom, com o renegar de tão importante paixão, foi inevitável crescer mais do que rápido na linda flor desabrochada, o ódio que mudou o seu coração.  Mas chegou antes tarde do que nunca, como uma tempestade muda, o reencontro que resultou pratos sujos, desculpas pedidas e aceitas, risos conjugados, abraços apertados, beijos molhados e finalmente, o sexo aconteceu.  Um dos melhores de todos os tempos, as repetições se estenderam durante um longo tempo, porém apenas amantes. Não poderíamos mudar o que já estava escrito. Amigos nós nos tornamos consciente do que já fomos.  O tempo passa, um some às vezes e o outro também. Mas quando a saudade aperta é só pensar no deleito proporcionado, que as boas memórias trazem com carinho a magia do encontro inesperado, e nesse momento saímos de onde estamos e nos damos um ao outro. Onde quer que você esteja, eu te desejo o bem e a felicidade.
Um beijo.

Gordack

terça-feira, 12 de janeiro de 2010



Sobre bombas e papéis

Não sei se seria maquiavélico
Pensar no poderio bélico das canetas
Penso no poderio hemisférico
Da minha alma maneta
Na aura da essência ocular
Um brilho sem metamorfoses
Levanta um braço um tanto atmosférico
No dia-a-dia, vida-a-vida do esteta

Ricardo Villa Verde, Nelsinho pacheco, Sara Mazuco e Eldemar de Souza

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010



Cadeia

Amor com amor se apaga
No frio da amargura alheia
Não importando-se a teia
Crava os dentes em minha veia
Leva Minha vida inteira ou meia

Ricardo Villa Verde, Gordack, Sara Mazuco, Eldemar de Souza e Nelsinho Pacheco


quinta-feira, 31 de dezembro de 2009




Santuário

O carinho da forte farinha
Que do vento me trouxe a foice
Afiada pelo cair da noite
Inspirou-me na lacuna oferecida

Lacuna sem letras, sorte não há
Mas dados na mesa, estão sempre a rolar
De repente o medo: rogo à Aparecida
Medo bendito!
Sentença: A merecida.

Gordack, Sara Mazuco e Ricardo Villa Verde