sábado, 11 de julho de 2009


Trópicos de Aquário


Cascatas de luz em espiral
Com olhos de lagoa, ao chão
Servidos de forma parcimonial
Eu e o leão, a águia e o cão

Céu laranja, florestas equinociais
Matas azuis, rasas e gigantes
No carpete da sala de seus pais
Monto ácaros, tal como elefantes

Um belo arco íris como clichê
Informo à lua que não estou mal
Bebo a loucura em forma de saquê
Retiro do sangue o gosto fatal

Cena zero: Caindo no abismo
Sem exclamação, ponto ou trema
Mergulho no nada fazendo turismo
Sem risco de estragar o poema

Ricardo Villa Verde

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre nós



Éramos chuva

E de tanto cair

Desisti de cair

E quando caía

Escorria

Pra longe de mim

Pra dentro de ti

Pro olho do fim


Ricardo Villa Verde

Céu líquido

Saltitante tainha no espelho-mar
Virtude maior no engodo errado
Ponteiros vis em ostracismo fadado
Maré é sina na pele a me acalmar

Servo anoso de canoa e de rede
Luta eólica pra casco aportar
De remos vagarosos e sem sede
É fardo longo a vida a labutar

As mãos de Iemanjá dão prazer
O Pai com o dedo a me apontar
Aguardo à hora certa do jazer

Na ultima puxada quilos vou levar
Desejo que a lua não desencante
Para as crias de este homem lembrar


Gordack

Amoreco


Chegou afoita como sempre
Entrou séria e saiu contente
Os olhares frios eram as respostas
E nos meus suspiros eu via as costas
Em uma hora boa eu acredito
Trazendo mudanças no conflito
...o tic tac avisa, é tarde...
...barulhos?!?
Abro a janela e é ela
...tiros...
Amante filho da p...!!!!
Tirou-me o céu
Meu ultimo beijo é em morte
Chorei, chorei, chorei...

Gordack
XXI


VIDA MINHA RUA

RETA TORTA CURTA

NAMORO SÓ LUA

LÁ ELA SURTA

EXTINTA PAIXÃO SUA

ESPERANÇA MEDO FURTA

Gordack

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Aposta


Viajava em alta velocidade
Colidi num muro de concreto
Perdi apenas um dedo
De resto, tudo foi encontrado
Uma perna aqui, um braço lá
A cabeça nas nuvens
E o muro, eu pergunto:
Por que quiseste sê-lo?

Ricardo Villa Verde
I

Pessoa:
Ecoa
E soa
Dentro
Da boa
Pessoa.

Gordack

terça-feira, 7 de julho de 2009


Cubo


Nos meus dias de pólvora
Não há tempo para explodir
Nos meus dias de lança
Quem sangra sou eu
Entre ônibus, faces e rascunhos
Pago à prazo, minha felicidade
A cada momento, um cásulo esquecido
Construo caminhos
Que vão dar até onde posso ir
Não acredito nem em minhas palavras
Minha alma é concreto, em qualquer lugar
Em pequenos instantes que fogem de mim
A noite, da estratosfera, aceno
Num sono desbotado e debochado
Onde tudo é real, exceto o dia seguinte


Ricardo Villa Verde

Hasta Siempre



Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la muerte 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario


Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

(hablado)
Seguiremos adelante
Como junto a tí seguimos
Y con Fidel te decimos
Hasta siempre Comandante 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Che: " Esa hora irá creciendo cada día que pase, esa hora ya no parará más".

GARRAFAS AO MAR
Sinto- me ilhado do cabedal
Cá não conhecem os Hollandas
Darcy é desconexo de todos
Neste mundo sou mudo 
E em certos casos prefiro,
Ser surdo
Se acaso falo de Machado
Este não corta sentimento algum
E se por emoção lembro um poema
Queimam a palmeira e matam o sabiá
Existe apenas o raso da coisa rasa
Não sinto xifopagia aqui
Tenho que sair desta prisão
Peço o repatriamento por coerência
Prometo partir usando Cartola 
E entoar na viagem bossamente o Tom.

Gordack



Gaveta

Que psicose é essa que anda ao meu lado nas horas de folga?
Será que criamos uma amizade? peço mais um copo?
Sofro por tudo que me cerca, tudo que me toca.
Dá vontade de correr, de doer, de não perceber.
As vezes me espalho, doce espantalho, sem rosto, só corpo.
Noutras me reagrupo, loucura, alegria e fardo.
Pequena gota de mercúrio, me desfaço, perco a métrica, depedaço.
Quem está perto não interpreta...
Meus cacos vagam pelo espaço.
Com o que é meu, não consigo elo.
Perco a propriedade de tudo que é belo.
O que tenho me foi delegado?
Atribuição divina ou insanidade?
Mentira ou verdade?
Quem implica, conspira e explica?
Amanheceu cedo.

Ricardo Villa Verde