segunda-feira, 5 de setembro de 2011

BICHA VELHA


Bicha velha amarrotada
Gostava de cigarros
E músicas bregas
Muitas vezes tomou
Porrada
E no cu já não tinha
Pregas
Apenas um poço
Largo e fundo
Bicha velha desavergonhada
Já deu pra todo mundo
Patrimônio público
Bicha tombada
É assim que te classificas
Tomou a frente
De muitas namoradas
Inaugurando várias picas
Quem foi que no teu cu
Ou em tua boca ardente
Não jorrou a feroz
Porra quente?
Houve também os recatados
Que à noite, às escondidas
Contigo, muitos prazeres
Gozaram
Mas, à luz do dia, mascarados,
Ingratos, te crucificaram
Só que agora,
De nada importa
O falso e o preconceito
Bicha velha e finada
Não se vê uma única
Lágrima derramada
Na solidão
Do seu triste
Leito.


Tubarão .

(Este poema faz parte do livro Anarko Poemas & Outros, editado em 2010, pela Editora Multifoco).



terça-feira, 2 de agosto de 2011



Noite Densa, Dia Claro

Meu coração fede
É este amor que morreu
Meu coração fede
E ele não te pede perdão

No silêncio da morte
Vasculho lembranças
Empacotando verdades
E multiplicando distâncias

O passado já era
Antes escuro
Apaguei a luz
Do presente
Caminho melhor
No futuro.

Tubarão.


Tão Pouco As Garrafas...

Qualquer palavra
Sobre a mesa
Uma idéia
Uma cerveja
Sorriso liso
de orelha à orelha
Dinheiro sai do bolso
Alivia nossa vida
Em cada copo
Em cada gole
Idéia
Informação em movimento
Não conto as horas
Tão pouco as garrafas...

Tubarão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Água suja

 

Contra a corrente

Porque não há tréguas
Não há regras
Não há réguas
Que mensurem a ingratidão

A covardia do cético
Tudo que é ético, belo e profundo
A verdade se encerra em nós
E não na magia do mundo

Contra a corrente

Cada vez que pulamos mais alto
A altura do salto
Se vinga da gente

Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 27 de junho de 2011



Transfiguração

Amanhã fiz coisas
Que não lembro
Ontem era hoje
Quando acordei na rua
Não eram as horas
Que passavam pela minha cabeça
Nem mesmo os pensamentos
Que andavam lentos no relógio
Passei por um buraco de verme
Que transcendeu minha essência
Transfiguração
Depois dos cacos.

Tubarão.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ritos

 

Mito
O que é um mito?
É tudo que acredito
Em mesas de bares?
Grito meu conflito
Repercuto
Tenho dito
Em mesas de bares

Mito
O que é um mito?
É tudo que acredito!

Em mesas de bares
Grito meu conflito

Repercuto
Tenho dito
Em mesas de bares.

Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 23 de maio de 2011



Logo, Logo

Tem que ter cuidado com o que fala
Tem que ter cuidado com o que pensa
Ditadores da direita ou da esquerda
Logo, logo consideram como ofensa

Todo mundo logo, logo há de se doer
Pela falta de pensar
Tanta preguiça coletiva vai feder
Para o nosso azar.

Tubarão.

domingo, 15 de maio de 2011

 

Passou

 

É tanta paz que chego a sentir
O calor do paredão de pedra
Sob meus pés

Um sanhaço lindo
Passa como uma tesoura
Cortando o fundo azul

O que me resta é esperar
Pelo toque da trombeta

Que não tarda
Nesse entardecer...

Ricardo VillaVerde

quarta-feira, 11 de maio de 2011



Fruto Proibido

Por que é mais fácil viver da mentira
Do que da pura verdade?
Porque imagens seduzem tanto os olhos
Se conteúdo é felicidade?
Porque governam as nossas vidas
Quando dizem que somos livres?
Eu quero fazer certas coisas
Mas eles dizem que não é permitido
Dizem que o meu sonho
É um fruto proibido
Será que vou ser expulso do paraíso
Ou será que já estou no inferno?
A realidade às vezes é um fardo
Que pesa demais
Violência e mentiras
Estão nos privando da paz
Minha vida eu quero chamar
De liberdade
Mas me fuzilam os olhos frios
Da sociedade
Eu quero fazer certas coisas
Mas eles dizem que não é permitido
Dizem que o meu sonho
É um fruto proibido
Será que vou ser expulso do paraíso
Ou será que já estou no inferno?
Tubarão.

sábado, 7 de maio de 2011



O Político Uga-Uga

Faz uma pose
Milico extrema direita
Cabeça quadrada, mente travada
Uma anta perfeita
Quando fala
Perde a oportunidade
De ficar calado
Fala cada barbaridade
Tanto absurdo
Mas é melhor ouvir
Do que ser surdo
O que ele representa
É um atraso cultural
Que ninguém aguenta
Por ele, a História jamais
Andaria com as próprias pernas
Preconceituoso e conservador
É um legítimo homem das cavernas
Mas o que mais me assusta
É que muita gente ainda vai pagar caro
Por votar em um débil mental
Feito o Bolsonaro!

Tubarão.

terça-feira, 3 de maio de 2011

 

Mais que um trovão

 

Vivendo a vida mais que um trovão

Feito tipo, em máquina de escrever
Dando na cara do papel

Estilete sussurrando seu fel

Pisando descalço nas pedras
Para chegar aonde se quer
Dando vida a um símbolo
Pela força de uma fé

Seu seio numa canção

Vivendo a vida mais que um trovão

Passando por tudo
Como estágio probatório
Fazendo o amor ter um sentido
Quase que obrigatório

Vivendo a vida mais que um trovão

Esperando o apelo de um corpo
No fundo de um copo

Pisando no freio
Sem intenção de parar
Cortando a vida
Para se adiantar

Como flâmula
Que se carrega no peito
Mais que um trovão

 Andamos assim
Vivendo a vida mais que um TROVÃO!

Ricardo Villa Verde

domingo, 1 de maio de 2011



Preto & Branco

Hoje eu acordei
E o mundo estava em preto e branco
Tentei ajeitar a antena da televisão
Mas era o mundo que estava em preto e branco
Eu vi o céu
E o céu não era mais azul
Por outro lado,
A cor do asfalto não tinha mudado
Mas o mundo inteiro
Estava em preto e branco.
E as pessoas, cegas como sempre,
Caminhavam pelas ruas tranquilamente
Sem perceber o ocorrido.
Um cachorro em preto e branco
Latia para mim,
Era um latido em preto e branco
Que o infeliz cachorro latia.
Na lanchonete da esquina
Fui comer um hambúrguer
E era insosso o gosto
De um hambúrguer em preto e branco.
Passear pela praça
Era algo realmente sem graça,
Não havia graça nenhuma
Ver todas as árvores e brinquedos
E crianças em preto e branco
Correndo como num flashback.
Resolvi pegar o ônibus
E fui ver as belezas do Rio de Janeiro
Mas o Arpoador, Ipanema, Copacabana,
Pão de Açúcar ou Jardim Botânico
Estava tudo em preto e branco.
Até mesmo, as lindas garotas de biquíni
Estavam com as suas bundinhas em preto e branco.
Foi quando sentado, ao lado da estátua do Drummond
Que um fotógrafo de rua tirou uma foto minha...
Foi somente um clique
E a foto, para o meu derradeiro espanto,
Não estava em preto e branco.

Tubarão.

quarta-feira, 27 de abril de 2011



Pelado

Pelado
Completamente peladão
Anda tranquilamente
Em plena multidão

Pelado
Completamente peladão
É um divisor máximo
De toda opinião

Para alguns
É um horror
Para outros
É um amor

Mesmo assim,
No entanto,
Segue o pelado
Quem nunca foi santo

Pelado
É o homem que sabe bem o que vive
Não precisa de imagens ou roupas
O pelado é um homem livre!

Tubarão.

terça-feira, 26 de abril de 2011



Velho Bruxo

Velho Bruxo,
Diga-me, onde tu estás?
Em teu castelo negro
Ou diante das hordas infernais?

Velho Bruxo,
Da vida só respiro a poeira,
Foi o tempo que passou
Ou terá sido o fim da carreira?

Velho Bruxo,
Minha mente anda tão nublada,
São verdades ou delírios
De uma vida desbotada?

Velho Bruxo,
Linhagem de ancestrais druidas,
Porque será que as mulheres
Bagunçam tanto as nossas vidas?

Tubarão para Eldemar de Souza, o nosso "Velho Bruxo".

segunda-feira, 25 de abril de 2011


Ninho de cobras

Caiu bêbada como a noite
Na boca fechada da esquina
Na vida o amargo do açoite
E o ultimo suspiro à surdina

O grito legal na mente do povo
Faz-se alto no acender das janelas
 E o sangue que cobra cada centavo
Afoga as já poucas querelas

Um misto de dor e sossego
Que o inferno paga pra ver
Nas sombras do novo desterro
Onde o veneno vai nascer?

Ricardo Villa Verde & Gordack