Mitridatismo
A hora de sumir é agora
É só mais uma manhã lá fora
É quando ouve-se o quanto se é amado
É caminhar sem alguém ao lado
A hora de sumir é todo o auge
Daquilo que surge como vendaval
É o último dia de Carnaval
É quando percebe-se
Que apenas uma sombra
Já é o que conta
E se faz de abrigo
É fugir do perigo
É fugir do perigo
É cortar o espaço
Feito faca quase sem fio
É água, é fogo, é aço
É desafio
É desafio
É destituir, dessecar
Sentir-se sem lar
A hora de sumir
É a de chegar
De repente
A outro lugar
Ricardo Villa Verde
Ricardo Villa Verde é um poeta que para mim, sem puxasaquismo, é um poeta que sabe o que diz quando escreve. Já vi muitos que apenas usam as palavras numa masturbação técnica que não chega a lugar nenhum. A poesia do Ricardo tem início, meio e fim e nos leva junto aonde quer que ela vá!
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